Mofo nas paredes e teto, graves problemas estruturais nas salas de vacinação, de armazenamento de vacinas e consultórios de otorrinolaringologia e odontologia, banheiros interditados e diversas outras irregularidades. Estas foram as condições de atendimento levantada pelo vereador gonçalense Marlos Costa (PT) durante uma vistoria ao Pólo Sanitário Hélio Cruz, em Alcântara, em São Gonçalo.
“A unidade está muito precária. Vamos cobrar providências à Secretaria de Saúde. Se for preciso, farei visitas e pronunciamento semanais na Câmara, até que alguma providência seja tomada. Também farei uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para reforma e modernização do Hélio Cruz”, se comprometeu Marlos.
Os problemas da unidade podem ser percebidas logo na entrada do Pólo. A tampa da cisterna, ao alcance de qualquer criança está enferrujada. O parquinho funciona em um cercado de areia, que também não apresenta boas condições. Buracos no muro servem de passagem para ratazanas, que habitam o rio que passa nos fundos da unidade.
No primeiro andar, em um mesmo corredor, pacientes da Clínica Médica, Ginecologia, Odontologia, da Nutrição, Planejamento Familiar e dos laboratórios são atendidos no mesmo local que pacientes portadores de tuberculose e hanseníase. O problema é que a área não apresenta a circulação de ar necessário, colocando em risco a saúde de pacientes e funcionários.
“Tivemos denúncias de profissionais que acabaram ficando doentes por conta dessa situação. No meu pouco entendimento, creio que o local adequado para o atendimento dos pacientes tuberculosos e com hanseníase deveria ser nos consultórios do pátio, onde a circulação de ar é maior”, disse o vereador.
De acordo com os funcionários, o consultório odontológico porque as mangueiras da cadeira estão com vazamentos, e caso forem usadas, podem provocar choque elétrico em pacientes e profissionais. Na sala de otorrinolaringologia, no segundo andar, Um plástico preto cobre a janela.
Na sala de vacinação no segundo andar, um balde apara a água que vasa da pia de loca, mas que deveria ser de inox, segundo profissionais de saúde. Também mão há caixa descarpark, para a inutilização de material descartável, como agulhas usadas. Os ventiladores estão sujos, e o ar condicionado estalado precariamente foi comprado através uma vaquinha dos funcionários, depois que o antigo aparelho foi roubado. Um aviso na parede pede para não desligarem a luz da sala de vacina, já que a ligação é improvisada, e se for desligada, não ligará mais.
A segunda sala de vacina está desativada por problemas elétricos. Já a sala de armazenamento de vacinas não tem janela, nem aparelho de ar condicionado. Os isopores utilizados para transportar vacinas são armazenados empilhados sem qualquer cuidado em uma outra sala desativada.
O Pólo Sanitário Hélio Cruz é responsável por coordenar seis postos de saúde e 36 equipes do Programa de Saúde da Família. O administrador acumula a função de diretor da unidade, o que não deveria ocorrer, segundo a estrutura de funcionamento dos pólos. Apesar disso, a unidade teve o telefone cortado por falta de pagamento e não possui nenhum carro para o transporte de vacinas ou monitoramento dos pacientes dos programas de tuberculoso e hanseníase.
O Pólo não tem sequer um aparelho autoclave. Os instrumentos dos dentistas e do otorrino são esterilizados em uma estufa, o que não é recomendado pelos profissionais de saúde, já que não eliminaria vírus como o da hepatite.
A unidade, possui três clínicos gerais, três pediatras, três otorrinos, dois penumologistas e cinco puericultoristas – pediatras especializados no atendimento a recém nascidos e crianças em desenvolvimento. Contudo, cada um desses profissionais trabalha apenas uma vez por semana, em um turno.
“A gente faz o que pode. Às vezes tira dinheiro do próprio bolso para tentar resolver alguns problemas”, disse um funcionária da unidade, que preferiu não se identificar.